Educação para a vida real.

Educação financeira e a nova(?) BNCC

No dia 22 de dezembro de 2017 foi publicada a Resolução CNE/CP nº 2, que institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular-BNCC a ser respeitada, obrigatoriamente, ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica, no que se refere à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental.

BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Ela estabelece o conteúdo mínimo. Cada escola prepara seu currículo.

A BNCC estabelece a aplicação do conhecimento na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.

Assim, a BNCC prevê o ensino dos Temas Contemporâneos Transversais-TCT que são tópicos que estão presentes em diversas áreas do conhecimento e que são relevantes para a compreensão do mundo atual. Eles permitem que os alunos estabeleçam relações entre os conteúdos das diversas disciplinas e compreendam como elas se interrelacionam.  Os TCT são assim denominados por não pertencerem a uma disciplina específica, mas por transpassarem e serem pertinentes a todas elas.

“O maior objetivo dessa abordagem é que o estudante conclua a sua educação formal, reconhecendo e aprendendo sobre os temas que são relevantes para sua atuação na sociedade. Assim, espera-se que a abordagem dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT) permita ao estudante compreender questões diversas, tais como cuidar do planeta, a partir do território em que vive; administrar o seu dinheiro; cuidar de sua saúde; usar as novas tecnologias digitais; entender e respeitar aqueles que são diferentes e quais são seus direitos e deveres como cidadão, contribuindo para a formação integral do estudante como ser humano.”

OS TCT ajudam a desenvolver nos alunos a habilidade de pensar de forma criativa, gerir situações complexas e ter uma visão analítica das oportunidades preparando-os para serem mais competitivos no mercado de trabalho. Essas habilidades são fundamentais num mundo do trabalho já dominado pela automação e inteligência artificial.

Mas, afinal, que temas são estes?

Cada “caixa” acima deve gerar uma disciplina, dentro do currículo de cada escola, que aplique seu conteúdo.

Todos os TCT são importantes, mas, quando focamos na entrada dos jovens no mercado de trabalho, vemos a pertinência do contido na “caixa” Economia.

Certamente, os alunos estarem familiarizados, desde cedo, com conceitos como: orçamento, despesas, receitas, competências pessoais, trabalho formal, trabalho informal, benefícios, obrigações, salário bruto, salário líquido, impostos, etc. os torna muito mais preparados para enfrentarem a vida real.

De acordo com pesquisa da Fecomércio/SP, de 11/2022, 78% da população brasileira está endividada. Será que um conhecimento prévio dos itens acima, teria ajudado a população a gerir melhor sua vida financeira?

O que a escola do seu filho está fazendo a este respeito?

Indústria 4.0 e as novas competências profissionais.

Se a pandemia do novo coronavírus fez você começar a se preocupar com o “novo normal”, com o mundo do trabalho pós pandemia, você está muito atrasado.

Já há algum tempo estamos vivendo a 4a. Revolução Industrial e ela é que está mudando o mundo do trabalho. A pandemia trouxe, apenas, mais mudanças.

A 1a. Revolução Industrial, tal qual a estudamos na escola, ocorreu  em 1784, com a invenção e incorporação aos meios de produção da máquina a vapor. Foi o surgimento da mecanização.

A 2a. Revolução Industrial veio com a eletrificação das fábricas e o posterior surgimento da linha de montagem, cujo maior exemplo é o de Henry Ford, em 1913.

A 3a. Revolução Industrial começa nos anos 70 do século passado com a automação e o uso de computadores.

1a., 2a. e 3a. Revoluções industriais

Com a velocidade das invenções tecnológicas deixando de ser linear para ser exponencial,  de evolutiva para  disruptiva, fazendo desaparecer outrora gigantes do mercado, temos a 4a. Revolução Industrial ou Indústria 4.0.

Exemplos de disrupção

“Surgido na Alemanha por volta de 2012, o conceito da Indústria 4.0 envolve as inovações tecnológicas nos campos de automação e tecnologia da informação para manufatura. Com o objetivo base de criar processos mais rápidos, flexíveis e eficientes, a quarta revolução industrial promove a união dos recursos físicos e digitais, conectando máquinas, sistemas e ativos a fim de produzir itens de maior qualidade a custos reduzidos” (ALTUS, 2017).

De uma hora para outra surgem:

  • Manufatura aditiva ou impressão 3D;
    • Adição de material para fabricar objetos, formados por várias peças, constituindo uma montagem (BRASIL, 2020).
  • Inteligência artificial;
    • Segmento da computação que busca simular a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões, resolver problemas, dotando softwares e robôs de capacidade de automatizarem vários processos (BRASIL, 2020).
  • Internet das coisas;
    • Representa a possibilidade de que objetos físicos estejam conectados à internet, podendo, assim, executar, de forma coordenada, uma determinada ação (BRASIL, 2020).
  • Biologia sintética;
    • É a convergência de novos desenvolvimentos tecnológicos, nas áreas de química, biologia, ciência da computação e engenharia, permitindo o projeto e construção de novas partes biológicas, tais como enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de sistemas biológicos existentes (BRASIL, 2020).
  • Simulação;
    • É utilizada em plantas industriais, para análise de dados em tempo real, aproximando os mundos físico e virtual, e no aperfeiçoamento em configurações de máquinas, para testar o próximo produto virtual, antes de qualquer mudança real, gerando otimização de recursos, melhor performance e mais economia (ALTUS, 2017).
  • Realidade aumentada;
    • Possibilita o envio de instruções de montagem, via celular, para o desenvolvimento de peças de protótipo. Possibilita, também a utilização de óculos de realidade aumentada, para games, softwares e procedimentos de trabalho.
  • Big data;
    • É a análise e gestão de grandes quantidades de dados, para a criação de cenários e rápida tomada de decisão.
  • Sistema integrado de gestão;
    • Também conhecido como ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento de Recursos Empresariais), permite que as empresas gerenciem a operação, automatizando seus processos produtivos, financeiros, comerciais e gerenciais.
  • Computação em nuvem.
    • É o fornecimento de serviços de computação, incluindo servidores, armazenamento, bancos de dados, rede, software, análise e inteligência, pela Internet (“a nuvem”) para oferecer inovações mais rápidas, recursos flexíveis e economias de escala.

Muitas profissões já estão acabando e outras, que você nem imaginava, surgindo.

30 profissões do futuro

As mudanças relativas à 4a. Revolução Industrial são inevitáveis e não temos como ignorá-las.

E como nos preparamos para todas estas inovações? Quais os novos perfis profissionais exigidos? Quais devem ser nossas competências (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes)?

Somos o pilar mais importante desta revolução, mas precisamos de atualização rápida e constante.

Não esqueça: não é o mais forte que sobrevive, mas aquele que se adapta.