BIENAL DO LIVRO 2023 – Rio de Janeiro

Para mim, livro é vida. Desde criança. Sempre fui crítica e observadora. Na maioria das vezes, minhas conclusões eram contrárias à da maioria das pessoas com as quais eu convivia. Dava uma sensação de solidão… Pensava “será que somente eu penso assim sobre este assunto?” Aí, descobri os livros e, do nada, lá estavam ideias, pensamentos similares aos meus, estímulo a novas ideias!

Infelizmente, livros sempre foram caros, então, sendo de uma família classe média baixa, comprar livros era um luxo. Minha mãe fez meu pai comprar a coleção de Machado de Assis. Que emoção! Guardo até hoje.

Um pouco depois, meu avô materno, o grande jornalista esportivo Afrânio Vieira, percebendo meu interesse pelos livros e sabendo do sacrifício necessário para que eu os tivesse, passou a me presentear livros. Meu preferido era O Homem que Calculava de Malba Tahan (pseudônimo. Meu avô tinha estudado com o autor, Prof. Júlio César de Mello e Souza, no Colégio Pedro II.

Todas estas lembranças percorriam minha mente, no caminho para a Bienal do Livro 2023.

Lá chegando, no meio daquele mar de stands e espaços culturais sou atraída pelo espaço Paixão de Ler;

Era uma roda de conversas sobre ações em Bibliotecas. Fui transportada para o meu Fundamental II. Estudei na Escola Municipal Rivadávia Correa que fica em frente à Biblioteca Parque Estadual que, na época, não tinha todas as atrações e comodidades que tem hoje, mas tinha muito amor e dedicação de suas funcionárias.

Minha mãe me autorizou a ir para a Biblioteca, quando fôssemos liberados mais cedo (o que era, infelizmente, bem comum) e, até mesmo, após a escola. Havia um espaço destinado a menores de 14 anos, onde podíamos ficar e ler à vontade os livros selecionados para até esta idade. Li todos. Momentos maravilhosos. Quanto mais eu lia, mais queria ler. Pedi a minha mãe que fosse fazer um cartão na biblioteca, para que eu pudesse levar para casa, em nome dela, os livros para maiores de 14 anos. Ela me atendeu.

Na vida adulta, pude possuir várias estantes cheias de livros meus e dos meus dois filhos que sempre foram estimulados a ler. Depois, percebi que livros devem circular, proporcionando a outros a alegria de conhecê-los. Doei meu acervo, exceto aqueles com ligação emocional, como os já citados acima, e passei, então, a somente adquirir livros digitais. É muito bom poder viajar, ir para qualquer lugar, com toda a sua coleção de livros com você.

Confesso que, em função dos livros digitais, me afastei das bibliotecas. Nem considerava mais sua importância. Mas, estar naquele espaço da Bienal, ouvindo as experiências das representantes de Bibliotecas Parque e Bibliotecas Comunitárias, me fez “sair da minha bolha” e entender que, num primeiro momento, não precisa ser leitor para frequentar uma biblioteca. É só passar na frente da Biblioteca Parque Estadual do RJ e ver as filas que muitos moradores de rua fazem, em busca de água, banheiro, acolhimento e segurança. Em muitos lugares da periferia da nossa cidade, a Biblioteca é a única estrutura sócio cultural da comunidade.

Não importa se o livro é físico ou digital. Importa é ter um local, a Biblioteca, que lhe permita estimular seu cérebro, “viajar” pelas histórias e estórias, em paz, acolhida, quem sabe até, compartilhando suas interpretações com outros.

Viva a Bienal do Livro! Viva as Bibliotecas!

Escola integral

Se o significado da palavra integral é:

  • que não sofre qualquer redução; total;
  • que não falta qualquer elemento; completo; inteiro.

Então, o que seria a escola integral?

De acordo com o Ministério da Educação https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/fundamentos:

A Educação Integral é um princípio integrador e articulador das concepções de ser humano, escola, currículo, de ensino e aprendizagem, sociedade e das diferentes etapas da Educação Básica. Possibilita a superação da fragmentação dos conhecimentos e vincula-os às práticas sociais e à vida cotidiana. Nesta concepção de educação busca-se avançar das práticas que reduzem o papel da escola a uma mera transmissão de conteúdos ou  de priorização de uma só dimensão do desenvolvimento, geralmente a dimensão intelectual sobre as demais.  

Desta forma, com as diferentes dimensões do desenvolvimento sendo trabalhadas de modo intencional no currículo escolar pode-se eliminar barreiras que impedem a todos os estudantes de permanecer e ascender na trajetória escolar, em especial os de grupos sociais historicamente vulnerabilizados como as pessoas com deficiências, transtornos, altas habilidades e super dotação, meninos e meninas negros, de classe social econômica desfavorecida, povos tradicionais e originários entre  outros. 

A Educação Integral pressupõe igualmente o direito à escuta e à participação de bebês, crianças e adolescentes, ao seu modo e conforme suas condições, integrando ao currículo necessidades, interesses e as culturas infantis e juvenis nas experiências educativas.  

Nesta perspectiva, não apenas os territórios e equipamentos de diferentes setores (como esportes, cultura, cidadania, parques e praças, saúde e assistência) são coparticipes do processo de ensino e aprendizagem, como seus agentes.  

A Educação Integral é também o fundamento integrador das dimensões do cuidar e educar e da relação entre a educação escolar e as práticas sociais em toda a Educação Básica. 

Escola integral e escola em tempo integral são a mesma coisa?

“Faz-se necessário distinguir o conceito de Educação Integral e de Tempo Integral. O tempo é uma das estratégias que possibilita a materialização da proposta de um currículo de Educação Integral, mas não a única. É essencial que a ampliação e organização do tempo integral seja consequência do Projeto Político-Pedagógico e do Currículo escolar, associado aos espaços dentro e fora da escola, considerando a diversidade de materiais que são ofertados nas experiências educativas, atento às interações e organizações de agrupamentos entre os estudantes, promotora de saberes de diferentes matrizes étnico-raciais no currículo escolar, assim como asseguradora da escuta e participação dos estudantes e comunidades escolares nos processos educativos e na gestão escolar.”  http://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/fundamentos 

É fundamental fazer esta distinção. Vou compartilhar com vocês minhas três experiências pessoais com a escola integral/escola em tempo integral.

A necessidade e importância da escola integral não é nova:

‘Não se pode conseguir essa formação em uma escola por sessões, com os curtos períodos letivos que hoje tem a escola brasileira. Precisamos restituir-lhe o dia integral, enriquecer-lhe o programa com atividades práticas, dar-lhe amplas oportunidades de formação de hábitos de vida real, organizando a escola como miniatura da comunidade, com toda a gama de suas atividades de trabalho, de estudo, de recreação e de arte’ 

Anísio Teixeira, em Educação não é privilégio, 1953

Eu tive o privilégio de estudar numa escola integral, durante o Fundamental 1. Era a Escola Guatemala (escola pública). Os alunos estudavam no turno da manhã, iam para casa e, aqueles que quisessem podiam retornar à escola, às 14h, para participar das mais diversas atividades, como artesanato, costura, etc. Mesmo que você só frequentasse o turno da manhã, a escola também tinha uma proposta pedagógica integral, inovadora e diferenciada, como compartilhei com vocês em vídeo no Instagram.

A minha segunda experiência com a escola integral foi com meus dois filhos. Eu trabalhando em horário integral e eles estudando em horário integral, em escolas particulares. No caso deles, os conceitos de escola integral e de escola de tempo integral estavam perfeitamente alinhados: um turno com a parte pedagógica e um turno com reforço de idiomas, informática, realização dos deveres e pesquisas escolares, atividades esportivas e acompanhamento psicológico.

Por último, minha experiência como educadora, no Fundamental II, em escola pública de tempo integral. O tempo era integral, mas a escola não proporcionava o ensino integral. E não era culpa da direção, mas o planejamento, o projeto era ruim, Infelizmente, este parece ser o cenário das escolas públicas de tempo integral, em geral: um lugar para as crianças e jovens ficarem, enquanto seus responsáveis trabalham, sem atendimento ao que se espera da educação integral.

Eu acho crítico e fundamental que exista a escola integral de tempo integral. Como fazer para que isto não seja uma utopia?

Sobre ser ou não ser um(a) empreendedor(a).

Nas minhas aulas e no meu curso “Ser ou não ser um(a) Empreendedor(a)” as alunas e alunos costumam me dar feedback de que eu pareço querer desanimar os pretendentes a donas e donos de pequenos negócios. E eu respondo que não é nada disso, que a realidade é dura e que você precisa estar ciente e consciente do que lhe espera, pois, assim, poderá se preparar e planejar seu negócio e sua vida.

Um exemplo banal ocorrido comigo, há pouco tempo. Gosto de pizza e, aos sábados, costumo comprar numa pizzaria pertinho da minha casa. Mais de uma vez ocorreu o seguinte:

Não é a primeira vez que isso acontece. A pizza é boa, o atendimento do dono da pizzaria é bom, o preço é justo, mas, quando acontece algum imprevisto, ele fecha a loja. Eu posso comprar em outra pizzaria e é o que eu faço. O risco que este empreendedor corre é grande. Ele está dando oportunidade a mim (cliente) de passar a comprar em outra pizzaria. Fico imaginando como ele gerencia o fluxo de caixa.

Quando você trabalha numa grande empresa, mesmo que o seu cargo exija muita dedicação, você pode até se sentir sobrecarregada(o), mas sabe que pode contar com uma rede de apoio, com pessoas espalhadas em diversos departamentos.

Quando você é a/o dona(o) do negócio, você é a(o) “faz tudo”. E, no início, tem que ser assim mesmo. Mas, depois de algum tempo, se você ainda está numa maratona de comprar, vender, atender os clientes, resolver todos os pequenos, médios e grandes problemas, quando você curte férias ou, pelo menos, uma folga? Quando você passa tempo com sua família e amigos?

Sem falar na análise de seus dados de negócio.

Cenário 1 – Imaginemos que você seja a(o) gestora(o) das suas redes sociais. Grava, posta, faz os textos, etc. Qual rede lhe dá o melhor retorno? Em qual rede você deve investir mais? Qual o nível de engajamento dos seus seguidores? É interessante ter um gestor de redes sociais? E se o tiver? Como você arrumará tempo para analisar os resultados?

Cenário 2 – Qual o seu produto que lhe dá maior retorno financeiro? Está na hora de diversificar sua oferta ou focar em determinado produto?

É por isso que os alunos acham que eu desencorajo…

Mas, como as mães falam: “É pro seu bem”.

O estudo Sobrevivência das Empresas no Brasil (2019), realizado pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com o Sebrae, mostrou que um terço das novas empresas brasileiras fecha em dois anos. Além de levantar essa informação, o estudo procurou avaliar algumas das razões que levam a esse desfecho – encontrando quatro grupos de fatores principais:

  • Situação antes da abertura da empresa;
  • Planejamento do negócio;
  • Gestão do negócio;
  • Capacitação do empreendedor em gestão empresarial.

Existe saída, mas você tem que entender que precisa de ajuda. Cuidado para não cair no erro comum de contratar empregados, aleatoriamente, para as funções que você pensa que precisa.

Antes de tudo, contrate uma(um) profissional para realizar o diagnóstico do seu negócio e lhe ajudar a enxergar as soluções que você, por estar no olho do furacão ou por não dominar a ciência da Administração, não tem condições de fazer sozinha(o). O SEBRAE e pequenas consultorias independentes podem prestar excelentes serviços, por preços super atrativos.

NÃO ao Novo(??!!) Ensino Médio

O problema já começa com o uso da palavra “novo”. Com certeza, foi o pessoal do marketing que propôs, para ativar alguns gatilhos mentais, pois muitos, imediatamente, se entusiasmam com algumas palavras chave. Novo, por exemplo, por ser antônimo de velho, induz ao pensamento de algo moderno, logo, melhor. Mas, a proposta deste tipo de currículo será realmente nova?

Começo com a minha experiência pessoal. No decorrer da minha vida profissional e pessoal, algumas pessoas comentavam: “ih, a Marla vai contar mais uma história…”. Sim, tenho várias histórias sobre inúmeros assuntos, pois vivi, não somente existi. Então, lá vai.

Sou oriunda da escola pública, desde o prezinho até o ensino médio. No meu tempo (kkkk) o ensino médio era profissionalizante. E como funcionava? Você escolhia a carreira técnica, dentre aquelas oferecidas pelo colégio em que você tinha conseguido se matricular. No meu colégio eram oferecidas três carreiras: Administração, Contabilidade e Secretariado.

Caso você escolhesse Técnico em Contabilidade (lembrando que, na época, o Técnico podia assinar Balanços Contábeis) ou Secretariado, não cursaria Física, Química e Biologia. Em seu lugar, teria disciplinas referentes especificamente aos cursos.

Eu escolhi o curso Técnico em Administração, pois, embora ainda não soubesse para qual carreira prestaria o vestibular, sabia que precisaria dos conhecimentos de Física, Química e Biologia.

Detalhe do curso Técnico em Secretariado: aprender a datilografar era essencial. Entretanto, o Colégio não dispunha de máquinas de datilografia, então os alunos praticavam numa folha de papel, ou seja, a realidade virtual já existia, desde aquela época! Ah, se fosse hoje… Quantos memes viralizando…

A tentativa de especificar qual conhecimento deve ser adquirido pelas classes mais favorecidas e qual pelas classes menos favorecidas vem de longe.

Na reforma empreendida por Giovanni Gentile, ministro da Educação de Benito Mussolini, era reservado aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional.

Em reação a tal ideia, Gramsci propôs a criação de um tipo único de escola preparatória. De cultura geral e formativa, esta teria a função de conduzir o/a jovem até os umbrais da escolha profissional, formando-o/a, durante este meio tempo, como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige. Em suas palavras propõe a criação de uma “escola unitária” de cultura geral, humanista, formativa, que equilibrasse, de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manual e intelectual (Soares, 2000). 

“A tendência democrática da escola não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar governante” (Gramsci). 

Preparar o homem para o exercício de uma cidadania intercultural, não só por meio do incentivo ao conhecimento e reconhecimento do direito à existência de outras culturas e etnias, diferentes daquela em que o educando se encontra diretamente inserido, mas também por meio do estímulo à compreensão e respeito para com estas, fornecendo ao educando certo número de competências, atitudes e habilidades que lhe permita lidar com a diversidade cultural com a qual este se defronta, buscando uma maior integração sociocultural, é hoje um dos grandes desafios da educação (Banks, 1994).

Temos que considerar, também, que qualificações para trabalhos manuais, de repetição, são absolutamente ultrapassadas nos dias de hoje, em função do avanço rápido da automação e da Inteligência Artificial. Os empregos de hoje que oferecem boa remuneração são aqueles voltados à análise de dados, por exemplo.

Um dos engodos da Reforma do Ensino Médio é o tempo integral. Primeiro, porque fica estabelecido que ele é obrigatório, mas, na prática, ele é desejável. Segundo, porque este “tempo integral” precariza o ensino, fazendo com que professores de Química, Física, Biologia, Matemática, etc., uma boa parte até com Doutorado, sejam deslocados para ministrar aulas, ou as também chamadas oficinas, sobre disciplinas que não fazem o mínimo sentido. Um total desperdício!

A Base Nacional Comum Curricular-BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral, independentemente da duração da jornada escolar. O conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea.

Será que os estudantes terão que “aprender a datilografar sem máquina de escrever”, pois, como pode haver ensino integral, sem contratação de professores, ampliação de instalações, dos campus, abertura de novas salas de aula, etc.?

No primeiro ano do Ensino Médio, os estudantes, com 14 ou 15 anos, terão que escolher qual itinerário seguirão (como eu no passado: Administração, Contabilidade ou Secretariado). Esta decisão será definitiva em suas vidas. Se, no terceiro ano, o/a estudante estiver pensando em outra carreira, já era, ele/ela não terá como recuperar o conhecimento que não adquiriu nos anos anteriores.

No nosso país, 85% dos estudantes estão no ensino público. Sabendo que milhares de municípios têm somente um Colégio de Ensino Médio, isto significa que, muito provavelmente, o Colégio vai oferecer somente uma opção de itinerário. Não aquela que o/a estudante quer, mas a que o governo local estiver oferecendo.

E os colégios particulares? Alguém duvida que oferecerão a educação completa, com todos os itinerários disponíveis?

Enquanto não entendermos que o desenvolvimento de uma nação depende, fundamentalmente, do nível de esclarecimento do seu povo, será difícil alavancar o mesmo da situação em que se encontra. 

LIFELONG LEARNING

Aprender ao longo da vida deixou de ser um hábito dos curiosos para ser entendido como uma capacidade humana adaptativa. Hoje, as mudanças são rápidas e inesperadas, e a prática contínua do lifelong learning permite que os profissionais adquiram ou aprimorem habilidades técnicas e comportamentais. . 

Se a necessidade do aprendizado contínuo é uma certeza, outra é que não há tempo e espaço para ficar esperando alguém te dizer o que é importante ou não aprender. Agora, o que aprender?

Para ser sincera, tudo. E por que? Porque suas certezas não existem mais!

Vejamos. Se você:

  • tem filhos e quer criá-los da mesma maneira como foi criado (claro que os valores éticos devem permanecer, mas como ensiná-los é o problema).
  • quer viver seu casamento como o de seus pais.
  • quer ficar 30 anos num emprego e se aposentar.
  • não quer trabalhar com tecnologia, pois “não gosta” (sim, existem pessoas assim).
  • acha que tecnologia se resume a computador.
  • acha que temas como sustentabilidade e inclusão são indiferentes.

Lamento, mas você tem que desaprender e reaprender!

Outro ponto muito importante no mundo do trabalho de hoje é que as habilidades comportamentais, as soft skills, são muito importantes, como, por exemplo, a criatividade, A criatividade anda de braços dados com outra competência relevante: a curiosidade. Sem o interesse genuíno por descobrir coisas novas, ampliar seu repertório, fica muito mais difícil ser criativo. 

Curiosidade também é um dos elementos-chave do autoconhecimento, capacidade essencial para cuidarmos, inclusive, da nossa carreira. Porque da mesma forma que surgem novas demandas, você também se transforma e isso tem impacto nas suas escolhas de trabalho. Reconhecer em si mesmo seus interesses desperta a sua autodireção e orienta sua estratégia de lifelonglearning. 

Dessa forma, mantenha a chama da conversa acesa, para ter informações de qualidade e poder sobreviver neste novo mundo, inclusive mantendo sua saúde mental. Lembre-se: para fazer coisas repetitivas não há necessidade de nós, humanos, A IA-Inteligência Artificial faz muito melhor.

Ainda vamos falar muito sobre isto!

Educação Financeira

Quando falamos em Educação Financeira, o que lhe vem à mente?

Para mim, Educação Financeira é o processo em que um indivíduo busca ou obtém conhecimento para lidar com o dinheiro de forma mais consciente e inteligente. Escrito assim parece fácil, mas, como muitas outras coisas na vida, somente o aprendizado convertido em práticas cotidianas e repetitivas levarão ao melhor uso dos seus recursos financeiros.

E quanto mais cedo começarmos a aprender e praticar Educação Financeira, melhor. E não sou só eu que digo isto. Como explicado no nosso post ˜Educação para vida real` o Ministério da Educação já inseriu este assunto na BNCC-Base Nacional Comum Curricular dos estudantes do Fundamental II.

Leia nosso artigo Educação para vida real.

Alguns acham que Educação Financeira é destinada àqueles que têm dinheiro sobrando. Nada mais equivocado, principalmente no nosso país, onde os empregos formais são poucos e direcionados ã parcela mais abastada da população, os salários são baixos e dinheiro sobrando é raro. Mas é exatamente neste momento que você precisa entender, organizar seus recursos e gastar melhor,

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Minha experiência com crianças entre 10 e 14 anos foi incrível!

No início, desconfiadas. Depois, apresentadas aos boletos e à constatação de que pagamos por tudo. Inclusive que, se continuarmos menosprezando os impactos ambientais que causamos, só respirarão oxigênio bom, os que puderem pagar por isto.

Em seguida, entendendo o que são receitas, despesas e suas classificações, sobre a necessidade de criar, seguir e atualizar o orçamento doméstico, crédito, débito, taxa de juros de empréstimos e de investimentos. Entendendo o valor do dinheiro.

Aí, veio a reunião de responsáveis e alguns contaram sobre conversas adultas que suas crianças tinham tido com eles, transmitindo o conhecimento que haviam adquirido e se oferecendo para ajudar a equilibrar o orçamento familiar. Que orgulho!

Acredito que a grande maioria destes alunos nunca entregará seu dinheiro suado nas mãos de mal intencionados nem farão aplicações em algo que não entendem.

Você entende de ações? Então como pode aplicar em ações? Você entende de criptomoedas? Então como pode aplicar em criptomoedas? Você sabe o que são pedras de alexandrita? Então como você confia numa empresa que diz ter uma enorme reserva deste mineral?

Você acha que entende dos assuntos pelas mensagens de grupos de WhatsApp ou pelas postagens de gente que ostenta para passar credibilidade? Está na hora de mudar.

Educação para a vida real.

Educação financeira e a nova(?) BNCC

No dia 22 de dezembro de 2017 foi publicada a Resolução CNE/CP nº 2, que institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular-BNCC a ser respeitada, obrigatoriamente, ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica, no que se refere à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental.

BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Ela estabelece o conteúdo mínimo. Cada escola prepara seu currículo.

A BNCC estabelece a aplicação do conhecimento na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.

Assim, a BNCC prevê o ensino dos Temas Contemporâneos Transversais-TCT que são tópicos que estão presentes em diversas áreas do conhecimento e que são relevantes para a compreensão do mundo atual. Eles permitem que os alunos estabeleçam relações entre os conteúdos das diversas disciplinas e compreendam como elas se interrelacionam.  Os TCT são assim denominados por não pertencerem a uma disciplina específica, mas por transpassarem e serem pertinentes a todas elas.

“O maior objetivo dessa abordagem é que o estudante conclua a sua educação formal, reconhecendo e aprendendo sobre os temas que são relevantes para sua atuação na sociedade. Assim, espera-se que a abordagem dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT) permita ao estudante compreender questões diversas, tais como cuidar do planeta, a partir do território em que vive; administrar o seu dinheiro; cuidar de sua saúde; usar as novas tecnologias digitais; entender e respeitar aqueles que são diferentes e quais são seus direitos e deveres como cidadão, contribuindo para a formação integral do estudante como ser humano.”

OS TCT ajudam a desenvolver nos alunos a habilidade de pensar de forma criativa, gerir situações complexas e ter uma visão analítica das oportunidades preparando-os para serem mais competitivos no mercado de trabalho. Essas habilidades são fundamentais num mundo do trabalho já dominado pela automação e inteligência artificial.

Mas, afinal, que temas são estes?

Cada “caixa” acima deve gerar uma disciplina, dentro do currículo de cada escola, que aplique seu conteúdo.

Todos os TCT são importantes, mas, quando focamos na entrada dos jovens no mercado de trabalho, vemos a pertinência do contido na “caixa” Economia.

Certamente, os alunos estarem familiarizados, desde cedo, com conceitos como: orçamento, despesas, receitas, competências pessoais, trabalho formal, trabalho informal, benefícios, obrigações, salário bruto, salário líquido, impostos, etc. os torna muito mais preparados para enfrentarem a vida real.

De acordo com pesquisa da Fecomércio/SP, de 11/2022, 78% da população brasileira está endividada. Será que um conhecimento prévio dos itens acima, teria ajudado a população a gerir melhor sua vida financeira?

O que a escola do seu filho está fazendo a este respeito?

Educação 4.0?

No meio acadêmico, conta-se uma piada sobre um indivíduo que veio do passado. Embora ele tenha ficado extasiado com as mudanças maravilhosas ocorridas em todas as áreas da sociedade, ficou, também, um pouco perdido. Afinal, tudo era tão diferente… Até que ele entrou em uma sala de aula e se sentiu “em casa”: a educação era praticada da mesma maneira de sempre, com alunos em cadeiras enfileiradas e o professor à frente deles, despejando seu saber.

Você pode pensar que esta piada não faz mais sentido, com o crescimento do ensino à distância. Entretanto, o que encontramos em vários cursos EAD? Um professor tutor disponibilizando textos e alunos acompanhando de maneira estática, robótica, por obrigação.

Mas, felizmente, este é um quadro que vem mudando. O objetivo de todo professor presencial ou à distância é conseguir que seus alunos assimilem o conhecimento teórico, reflitam sobre ele, entendam como ele vem sendo aplicado na sociedade e que produzam novos conhecimentos e aplicações. Ou, como dizia Paulo Freire (1997), de que venhamos a promover uma educação libertadora, que realmente provoque essa capacidade no aluno, de refletir, de pensar, de criar; e não uma educação bancária, meramente informática e reforçadora da cultura do “decoreba”.

Muitos professores tutores, para atingir estes objetivos, utilizam ao máximo as novas e diversas ferramentas tecnológicas disponíveis tanto nas próprias plataformas de aprendizagem dos cursos quanto externas. Entretanto, as ferramentas devem ser escolhidas considerando-se o perfil dos alunos.

Por exemplo, na minha atividade de tutora presencial de um curso de graduação, via de regra, utilizo:

Questionário –> fácil de gerar, por meio da ferramenta gratuita do Google ou própria da plataforma, para conhecer o perfil dos alunos (sua cultura, sua rede de apoio, etc.);

Vídeos –> facilitam o processo de aprendizagem, ficam disponíveis para que os alunos os acessem no momento em que for mais conveniente;

  • Redes sociais –> a criação de um grupo numa rede de mensagem como Whatsapp ou Telegram, possibilita enviar informações interessantes sobre o assunto estudado, como compartilhamento de artigos, webinares, etc., assim como o contato entre os próprios alunos.

Agora, pense nos três últimos cursos EAD que você cursou:

  1. Como foi a atuação do professor tutor?
  2. Houve utilização de ferramentas adicionais aos textos em PDF?
  3. Houve discussão sobre os assuntos estudados, gerando integração e colaboração entre os alunos?
  4. Ao final do curso você sentiu como “dever cumprido” ou o curso despertou aquela vontade de querer saber mais sobre os assuntos estudados?

Que todos os cursos que você ainda venha a fazer lhe tragam crescimento pessoal e profissional!

Outubro Rosa

Foto: @nevesigor

O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição.  Fonte: INCA, 2021.

E o que podemos fazer para mudar esta situação? Autoexame das mamas e realização do exame de mamografia.

“Atualmente, a mamografia é o exame mais indicado para a detecção precoce do câncer de mama, já que permite a identificação de tumores muito pequenos e, consequentemente, nos estágios iniciais da doença. A agilidade no diagnóstico é o que determina como será o tratamento, as possibilidades de cura e o tempo de sobrevida da mulher.”, explica Carlos dos Anjos, oncologista clínico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.

Passado um ano e meio da pandemia da Cofid-19, novo estudo da Sociedade Brasileira de Mastologista (SBM) aponta que o número de mamografias realizadas em 2020 foi 42% menor que o ano anterior em todo o território nacional.

“Entender o que impede as brasileiras de fazerem a mamografia, uma vez que há uma legislação específica para garantir o acesso ao exame, é essencial para reverter essa realidade. Com o início da retomada das atividades, é imprescindível que as mulheres priorizem a sua saúde e busquem pela mamografia. Esses casos precisam ser diagnosticados o quanto antes, pois a cada dia que passa, o câncer avança. Culturalmente, a brasileira coloca o cuidado com o companheiro, a família e os amigos em primeiro lugar, mas isso precisa mudar. Essa rede de apoio pode e deve priorizar a saúde da mulher e auxiliá-la nessa jornada, seja para o diagnóstico precoce ou apoio durante o tratamento do câncer”, reforça o oncologista.

Mulheres, sigam os conselhos que as(os) comissárias(os) de bordo dão, antes do avião decolar: em caso de emergência, coloque a máscara de oxigênio primeiro em você, mesmo que haja crianças ou pessoas com necessidades especiais por perto. E por que é dado este aviso? Porque primeiro temos que nos ajudar, para, depois, ajudarmos os outros.

Sim, existe uma legislação que garante o nosso direito, mas, na vida real, nem sempre temos mamógrafos disponíveis.

Sim, também é verdade, que muitos “chefes” fazem cara feia e terrorismo, quando avisamos que vamos ao médico, sem que seja uma emergência ou que estejamos passando mal.

Minha experiência de mais de 20 anos na área de RH me garante dizer que nenhum patrão vai lhe demitir, porque você foi fazer a mamografia. Lute por você!

Ainda o problema (?) do engajamento

Não estou conseguindo mudar de assunto: como o engajamento é crucial para o sucesso ou fracasso do seu negócio ou da manutenção do seu emprego,

Por incrível que pareça, o engajamento, muitas vezes, não é praticado pelos próprios donos dos negócios. Não dá para entender. A pessoa herda um negócio (falarei mais sobre isso em outro post) ou investe suas economias e não se engaja no próprio negócio. Inacreditável!

Duvida que isso aconteça? Comece a prestar atenção em como você, no dia-a-da, é tratado pelos donos dos pequenos negócios. Vocês já me conhecem: gosto de postar situações reais que acontecem comigo. Então, vamos para mais uma.

Gosto de ter plantas em casa. Cuidar delas. Um dia, no sacolão volante que vem semanalmente na minha rua, comprei uma muda de pimenteira, Passaram-se meses e eu, que gosto, mas não sou especialista, já achava que tinha sido enganada, pois não apareciam os frutos. Mas, não desisti e insisti. Fui trocando a muda de vaso e minha pimenteira ficou linda.

Um dia, identifiquei um pó branco na folhas da pimenteira.

@nevesigor

Sempre prefiro comprar dos pequenos negócios próximos a minha casa. Então, pedi ao meu filho (sempre ele), para ir a uma loja de flores e plantas que temos por aqui. Ele explicou o problema da planta e pediu indicação de um remédio. A própria dona da loja é quem atende os clientes. Ela rapidamente indicou um produto e ele perguntou a forma de utilização. A resposta dela: “Leia as instruções”.

Então, você reclama que não tem linhas de crédito, que os impostos são altos, que os clientes sumiram, etc., e não se dá ao trabalho de desenvolver um vínculo com o cliente que entra no seu estabelecimento. Não percebe que precisa “se engajar” para lutar pela continuidade do seu negócio.

Lemos as instruções de uso. A planta morre um pouco mais a cada dia.

@nevesigor

Para piorar, conversando com pessoas próximas, descobri que nem precisava de um remédio caro, como o que me foi indicado.

Infelizmente, acho que não será somente a pimenteira a morrer…